Sobre a questão
"Ou achas que as pessoas o vêm de outra forma?"
Não há volta a dar, penso eu, no combate ao racismo que não passe por uma oposição sistemática a racistas, fascistas e à extrema direita. Da mesma forma que não se anda de bicicleta não pedalando ou se consegue aparafusar desaparafusando.
Há muitas formas de ver a coisa e que a posição positivista exclui parte de uma formulação que permite responder à necessidade de alterar o estado de coisas para um conjunto de concidadãos que sofrem todos os dias exclusão, perseguição e desprezo.
Ora se as perguntas que se quereriam incluir nos censos correspondem a categorias baseadas apenas em teorias racistas primárias e se são estas as categorias usadas no inquérito então, por um argumento de coerência, não vejo como é possível usar outras sem desvirtuar ou comprometer a solução que procuramos, porque afinal são essas categorias primárias que são necessárias desfazer.
Podemos sempre arranjar outras categorias mas se a inconsistência é uma característica essencial em qualquer proposta política então esta é aquela que permitirá resolver lidar com o problema do racismo.
Querer combater o obscurantismo e falta de rigor científico de certas posições só com neo-positivismo não vamos lá.
E isso como dizia inicialmente "não vejo de outra forma" aplica-se tb aqui. ;)
Criado/Created: 20-06-2019 [15:16]
Última actualização/Last updated: 27-11-2024 [17:00]
For attribution, please cite this work as:
Charters, T., "Sobre a questão": https://nexp.pt/ddr/censos.html (20-06-2019 [15:16])
(c) Tiago Charters