Muito provavelmente

... nem tudo é economia. A razão fundamental para o uso da matemática em economia é a procura de alguma clareza na discussão dos problemas formulados pela própria economia. Pode arranjar-se uma segunda razão relacionada com a comprovação empírica dos modelos económicos, i.e. depois de uma formulação matemática inequívoca procurar um procedimento empírico que justifique o modelo de alguma forma.

A minha principal dúvida é se de facto existem "leis" em economia, e.g. como as leis de Newton do movimento. Em leis estou a pensar em leis naturais. Aqui a minha posição é semelhante à que Wittgenstein sustenta sobre a filosofia:

O método correcto da filosofia seria assim: Não dizer nada excepto o que pode ser dito, i.e. as proposições das ciências naturais, i.e. alguma coisa que não tem nada haver com filosofia: e depois sempre que alguém desejar dizer alguma coisa metafísica demonstrar que não deu significado a certos sinais nas suas proposições. Este método seria frustrante para o outro — teria a sensação de que não o estaríamos ensinar filosofia — mas seria o único método correcto.

Se é certo que já foi formulado o ideal positivista de definir a economia como uma ciência com o mesmo estatuto das ciências naturais, como a astronomia ou a mecânica Newtoniana, simultaneamente experimental e racional, o resultado desta tentativa ficou sempre longe da vontade inicial na obtenção de uma física social convincente.

Contra a minha ideia falo, gostaria que assim fosse. A economia como física social não deixa de ser um quadro bonito de se desejar, mas de difícil, ou mesmo impossível, concretização.

Digo assim que o método correcto em economia seria: não dizer nada excepto o que pode ser dito usando modelos matemáticos e depois, sempre que alguém desejar dizer alguma coisa metafísica, demonstrar que não deu significado a certas afirmações. Este método seria frustrante mas seria o único método correcto. Eis tudo.

Criado/Created: 25-05-2018 [12:35]

Última actualização/Last updated: 14-02-2024 [10:25]


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(c) Tiago Charters de Azevedo