É uma questão de aula
Quem atribui ao estado ou à escola o privilégio da autoridade inquestionável raramente gosta que essa autoridade que defende seja exercida sobre si em matérias que discorda em particular.
Como assume normalmente que a escola é assim que deve funcionar, que essa matéria apareça sob uma forma de um não contraditório, não gosta que seja forçado, segunda a sua ótica, a aprender o que não gosta. É natural. O contraditório requer esforço.
Na realidade a objeção de consciência sobre a formação em cidadania esconde o apoio da autoridade inquestionável da escola, a autoridade inquestionável do conhecimento do professor e a manutenção da escola como um espaço limitador da diferença, do contraditório e da liberdade. Ao aluno cabe ouvir sem questionar o professor, que tudo sabe, que tudo explica, que tudo transmite do alto da sua irrevogável qualidade e que é vazia.
É pela manutenção da autoridade desnecessária da escola, em concordância com aquilo que acreditam, que a critica é feita. Para esses não se questiona a autoridade, questiona-se o direito à questão porque interessa manter a força da autoridade.
Acharão certamente que jovens em pleno século 21 não questionam os professores na escola.
Olha, em casa, se calhar, não.
Criado/Created: 03-09-2020 [16:15]
Última actualização/Last updated: 27-11-2024 [17:00]
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Charters, T., "É uma questão de aula": https://nexp.pt/ddr/questdeaula.html (03-09-2020 [16:15])
(c) Tiago Charters